Queira ou não, o PT paraora ainda mantém em suas mãos boa parte do eleitorado esquerdista, e sua quase totalidade nos segundos turnos. Pois bem, Duciomar foi eleito senador em 2002 pelo próprio PSDB, seu PSD era apenas um partido offshore. A mando do próprio PSDB, foi base governista no senado, em troca de cargos e verbas federais para o próprio PSDB. Dois anos depois, em outra campanha 100% tucana, quem serviu de partido offshore, porém não tanto como PSD em 2002, foi o PTB: pela primeira vez o tucanato agrega Belém como sua mais nova jóia da coroa, usando-se de Dudu como testa de ferro.
O prefeito nunca fez questão de esconder suas saudades pelo Senado Federal: onde em Brasília tomava chá com ministros do governo Lula, e apenas o tempo do vôo entre a capital do Distrito Federal e a capital do Pará o separava de tomar chá com os líderes do PSDB/PA.
Mas os tempos mudaram, no executivo é diferente, no executivo existe oposição e situação, é necessário fazer maioria no parlamento, é um cargo alvejado pela mídia, bem diferente do senado, onde até o mandato é em dobro, não existe alvejamento, críticas, etc e tal, dirá o ex-senador Luiz Otávio Campos, apagado da mídia e da memória dos paraenses a partir de 1998, depois da mega-campanha onde foi eleito como "O Senador do Governador [Almir]", inclusive eleição essa com indícios de fraude em municípios com votação ainda não digital, o que poderia lhe ter garantido uma margem de apenas 2% sobre a atual governadora.
É, o senado inspira-lhe saudades, sem receber críticas, apenas destinando verbas, bom trânsito com lulistas, tucanos, muristas... Mas parece que mesmo como prefeito, Duciomar continuou a agir da mesma forma, acendendo vela para dois senhores, conseguindo verbas junto ao governo Lula, operando junto ao governo Jatene, mantendo sua base na câmara, e assim por diante. Porém, ocasionado por problemas internos (?) Duciomar chegou a declarar apoio a Priante e ao PMDB (também conhecido como Partido Montanhês Do Brasil, remontando a revolução francesa) em sua campanha para governador em 2006: um típico comportamento montanhês.
Quando o tucanato foi alijado do Icuí e a estrela vermelha prosseguia ainda mais forte, somando a Alvorada e o Icuí, parecia que ao PSDB ainda restava sua jóia da capital, porém nem isso: o murismo de Seu Prefeito apontou para a governadora dos cabelos e olhos castanhos.
Duciomar figurou por um bom tempo, principalmente no pós-outubro de 2006, como politicamente órfão, mas agora no último terço acordou e finalmente começou a governar, vê-se muito marketing da prefeitura e de suas obras, ele busca apoio para sua reeleição. Hoje discute-se quem será seu vice esse ano, observando que falta apenas menos de 5 meses para a escolha.
Certamente a tradicional direita, aquela que em 2004 elegeu a criatura que hoje abandonou seu criador, lançará Valéria como candidata e poderá até lançar algum do PSDB, só para dizer que lançou. Tudo aponta para um tentativa de volta do ex-prefeito Edmilson, que por sinal lidera as pesquisas, e claro, a tradicional tentativa de reeleição (não praticada por Jatene) de Dudu.
PMDB, PT, PSDB, Abdon, Agostinho Linhares, Sheik, PSTU e outros, poderão até lançar candidatos, porém será para constar, para sugar votos de alguém no primeiro turno e/ou para barganhar cargos no segundo. Candidatos mesmo só três: Valéria pela direita, Edmilson pela esquerda e pasmem, Duciomar pelo Murismo Palaciano.
Especula-se um virtual apoio do PT e de Ana Júlia a Duciomar, por não mais ser afilhado dos tucanos e por não ser um dissidente interno: se acontecer, e Duciomar não lograr êxito, esse será o suicídio político do PT e de sua governadora.
Por qual motivo? Como citado no começo do artigo, o PT ainda detém boa parte do eleitorado esquerdista, eleitorado (e principalmente militância) esse que quase integralmente não terá pena de abandonar seus líderes caso apoiem o atual prefeito, essa é a mola propulsora para emigração. Paralelo a isso, existe a campanha bem cotada de Edmilson, figurando como destino natural para esses migrantes, reforçando ainda mais sua campanha.
Sendo reeleito, é capaz que tudo continue como está, ela governando de lá, e ele governando daqui, ele no murismo e ela na liderança do governo estadual, claro, perdendo muitos apoios por tê-lo apoiado em 2008, mas mesmo assim Ana Júlia terá chances de reeleição, ainda mais podendo alimentar a fome de cargos do Partido Montanhês Do Brasil (que, diga-se de passagem, apesar de não mais ter poder para eleger candidato majoritário, é o fiel da balança, tanto no parlamento como nas urnas)..
Se Valéria for eleita, a tradicional direita reagrega sua jóia na capital, deixando Dudu ainda mais politicamente órfão, praticamente reaglutinando boa parte de sua mão-de-urna, novamente dando bases para o PSDB retomar o governo do estado: o PT não sofrerá tantas baixas, mas terá seu arquirrival fortalecido, o que pode facilitar a permanência do PMDB no bloco.
Mas caso Edmilson seja eleito, aí sim o PT do Pará sofrerá muitas baixas, tanto em número de filiações, militância, como em eleitorado, engrossando as fileiras PSOListas: com essa baixa, diminuem as chances petistas de reeleição, assim, logo em seguida (entenda-se no começo da campanha eleitoral de 2010), o próximo a pular do barco será o PMDB, fará como em 2006: integrou o governo Jatene por 3 anos e meio, até o começo da campanha eleitoral, quando partiu deliberadamente para a oposição.
Diante disso tudo, chega-se a conclusão que se em 2009 o prefeito não for Duciomar, as chances são bem altas para que o próximo governador volte a ser do PSDB. Não?
No comments:
Post a Comment