Oficialmente hoje, dia 6 de julho de 2008, começa mais campanha eleitoral - dessa vez é em torno da disputa pelas vagas de prefeito, vice e vereador. Os prazos para as inscrições encerraram-se ontem, junto ao TRE. A eleição de primeiro turno ocorrerá no dia 5 de outubro.
Parece que faz pouco tempo do encerramento das eleições de 2006 aqui no Pará, onde a governadora Ana Júlia Carepa saiu vencedora com o apoio de Jader Barbalho, contra o PSDB. Mas parei para observar, no sentido da história cronológica, e de lá para cá ocorreram algumas mudanças - conclusão que não faz tão pouco tempo assim.
Quase toda eleição apresenta quatro candidatos de destaque e possivelmente alguns nanicos, um governista e o resto de oposição: assim como em Belém no ano de 2004. esta campanha apresenta seis candidatos relevantes. São eles:
- Duciomar Costa (PTB/PR)
- Valéria Pires Franco (DEM/PSDB)
- José Priante (PMDB/PP/PRB)
- Mário Cardoso (PT/PCdoB/PSB/PTN/PMN)
- Marinor Brito (PSOL/PCB/PSTU)
- Jordy (PPS)
O quadro vem definido segundo as posições políticas no nível estadual, onde observa-se três espécies de candidatos: os que estavam no poder estadual até 2006 (DEM/PSDB); os que estão atualmente (rachados entre Priante e Mário Cardoso); a esquerda desiludida, com Marinor e Jordy; e finalmente o atual prefeito, que não cabe em grupo algum.
Quando a situação torna-se muro
Duciomar Costa foi eleito em 2004 pelo PSDB, quebrando uma hegemonia de 8 anos do PT, foi uma campanha totalmente com a cara do PSDB, exatamente tudo, até mesmo as cores e as caras - a única diferença foi que ao invés de estampar a legenda 45, estampava 14. Apesar de ser eleito pelo PSDB/PFL, Duciomar não demonstrou total fidelidade a esse grupo, não topou fazer tudo o que os tucanos queriam, quase não participou das eleições de 2006 e em 2008 os PSDBistas não o queriam por perto, por traição.
O prefeito adota uma política de acender vela para dois senhores, não apresenta uma definição política, sobe no palaque com Lula, com os líderes tucanos, diz-se aliado da governadora (que ele derrotou na eleição municipal de 2004!). Por esses e outros motivos, Duciomar é considerado um murista dentro do governo - estilo Luiz Otávio Campos no senado, após romper com o PSDB/PA (que o elegeu). Dudu aparece em primeiro nas pesquisas mas tem a maior rejeição de todos os candidatos.
Quando o mega-poder torna-se apenas lembrança
Quando os caciques do tucanato elegeram Duciomar como prefeito, eles estavam há dez anos governando o Pará, em uma situação muito confortável, com um poder sobrenatural. Porém, dois anos após, perdem o apoio da família Barbalho e também o governo estadual: que são transferidos para o PT. A direita divide-se e hoje a coligação PSDB/PFL é apenas uma lembrança do que um dia foi.
É essa mesma coligação, que foi traída por Duciomar, está juntando os cacos que sobraram e está lançando Valéria Pires Franco, ex-vice-governadora e esposa do deputado federal Victor Pires Franco. Ela é bonita e aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, além de ter a menor rejeição dentre os concorrentes.
Quando os poderosos dividem-se
Frente ao governo estadual desde 1º de janeiro de 2007, o Partido dos Trabalhadores trabalha há muitos meses o nome de Mário Cardoso para a sucessão municipal, apesar do fraco desempenho (3º~4º lugar), eles acreditam na força da militância. Fora falar do peso da máquina estadual, forte influenciadora em todas as eleições.
Porém ele não é o único candidato do governo: o PMDB lançou candidato sem apoiar Mário Cardoso e sem largar sequer um cargo no governo petista - vai entender... Priante cobra a fatura de ter eleito Ana Júlia no segundo turno e não se cansa de repetir que ele foi o fiel da balança em 2006.
Quando os aliados desiludem-se
Desfiliados do PT desde outubro de 2005, o grupo de Edmilson Rodrigues (que estava em 1º lugar em todas as pesquisas, mas desistiu da candidatura) integra hoje o PSOL. O grupo possui uma cadeira no senado federal e outra na câmara de Belém. A presença mais esperada de toda essa eleição era do próprio Edmilson, mas lançará a vereadora Marinor Brito como candidata. O partido espera repetir a façanha de 1996, quando Edmilson começou a campanha com apenas 2% e foi eleito, com baixo orçamento e força de campanha.
Em situação parecida, porém com comportamento bem mais light, está o deputado estadual Arnaldo Jordy (fiel PPS), quinto lugar na eleição de 2004. Ele já apoiou desde PT até PSDB. Possivelmente será candidato apenas para garantir sua reeleição à Assembléia em 2010.
Acredita-se que todos os candidatos, menos o próprio prefeito, desferirão vorazes críticas contra a gestão Duciomar, uma gestão que começou a fazer obras faltando exatamente um ano para essa eleição, que traiu seus patronos e patrocinadores, enfim, uma gestão sem uma orientação política clara e sem destaques (o único foi o Portal da Amazônia).
Mudanças até a véspera
Até a véspera da eleição é possível haver uma mudança no quadro de candidatos - caso algum desista, outro filiado pode ser indicado. Essa estratégia foi usada pelo ex-presidente Fernando Collor em 2006, na disputa por uma vaga no Senado pelo estado de Alagoas: lançou seu motorista como candidato e, faltando um mês para a eleição, trocou de lugar com ele. Mas essa estratégia seria usual para caso de políticos com extremamente polêmicos, como ele. Isso provavelmente não ocorrerá em Belém.
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