Lucro: fator limitante ao consumo
Eu estava lendo um artigo onde um empresário falava sobre a aquisição de geradores elétricos próprios. Com isso, segundo ele, seria possível reduzir os custos de produção e oferecer preços mais competitivos ao mercado.
O capital tem duas faces: uma é a geração de lucro, ao vendedor; e a outra é o fornecimento de mercadoria, ao comprador. Certo. Quando reconhece-se que, ao fabricar a própria energia (verticalizar a produção), os custos são reduzidos, aproveita-se apenas a prestação de uma mercadoria (energia elétrica), deixa-se de gerar lucro às empresas do ramo energético.
Quando eu contrato seguranças ao invés de uma empresa de segurança, eu fico apenas com o serviço, elimino o lucro que uma empresa de segurança teria (caso contratasse os mesmos seguranças através dessa empresa); quando eu passo a fabricar a ração que meus animais consomem, elimino os lucros que outro fazendeiro teria; é como fazer comida em casa: fica-se apenas com a comida, elimina-se o lucro que um restaurante teria.
A partir daí, podemos constatar que a direção do lucro está inversamente proporcional à provenção de mercadorias. Ou seja, quanto maior for o lucro (percentual) em uma transação, menor será (percentualmente) a prestação de produto. É como a diferença entre o preço de custo e o lucro embutido ao preço.
Onde quero chegar com isso? Mostrar que alguém pode comercializar mercadorias visando principalmente a prestação de bens e serviços, quase sem se preocupar com a geração de lucro. E quem seria esse capitalista preocupado com a população? Sim, ele mesmo, o Estado. Com E maiúsculo. Moradias populares são um exemplo disso: dinheiro público é empreendido nessas construções e essas unidades são comercializadas quase ao preço de custo. A finalidade é prover moradia e não gerar lucro: diferente da iniciativa privada.
Se a iniciativa pública começasse (ou voltasse) a entrar em outras áreas, preferencialmente estratégicas, como construção civil, telefonia, energia elétrica, transporte, seria possível oferecer serviços mais baratos, visando pouco lucro ou nem visando. Se deixarmos nas mãos da iniciativa privada, a qualidade até aumenta, mas o preço aumenta desproporcionalmente: aí que entra o lucro: justamente o fator limitante ao consumo da sociedade.
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