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Sunday, August 17, 2008

Keynes - inflação X desemprego

Keynes - inflação X desemprego

Após um apanhado geral do arcabolso teórico escrito e ideário de Keynes, pode-se dizer que sua principal meta era perseguir incansavelmente o pleno emprego, erradicando o desemprego. Como ele mesmo dizia, Que o Tesouro contrate pessoas para cavar buracos e posteriormente para tapá-los.

Quanto menor o desemprego, mais gente recebe salário, aumenta a demanda por bens e serviços: se existe maior procura em relação a oferta, pelas leis de oferta e procura, logo, haverá aumento de preços, também conhecida como inflação.

Para Keynes, todos deveriam ter um emprego, o mais chulo e improdutivo que fosse, mas que recebessem algum salário mensal, o mínimo que fosse. Em sua visão, o governo de um país em crise deveria pegar empréstimos internacionais e realizar gastos que demandassem grande mão-de-obra. A intenção era fazer com que essa riqueza emprestada calhasse dos cofres públicos para as mãos dos trabalhadores e depois entre os trabalhadores.

Keynes atenta para um detalhe importantíssimo: um dólar circulado cinco vezes representa uma riqueza maior que quatro dólares circulado apenas uma vez. Ou seja, emprestar uma quantia e fazer essa quantia circular com velocidade entre os bolsos da população faria nascer mais bens de consumo, (re)aquecendo a economia. Como ele mesmo disse, gastos com obras públicas produziriam uma onda "cumulativa" de prosperidade. Esse detalhe apresentado foi show de bola.

A inflação notoriamente ocorre quando existe menos produto que a procura por esse produto na praça, e isso poderia acontecer também com alimentos e gêneros de consumo básico. Para ele, a inflação era aceitável, já que era para fazer os bens de consumo chegarem a mais gente. Soa como economicamente altruísta. Esse é um ponto realmente polêmico, lados bons (para os desempregados) e lados nefastos (para os que já têm renda).

Para ele, o governo deveria optar entre o desemprego alto ou a inflação alta. Não falou tanto em o próprio governo bancar a produção para ampliar a oferta de produtos e assim contrabalançar a procura para evitar a inflação. É, o processo inflacionário parece inerente à aplicação de políticas keynesianas.
E Hillary continua na disputa


Após ganhar as prévias do estado da Pensilvânia, um dos principais do país, com uma vantagem de 10%, a senadora por Nova York e nascida em Illionois, Hillary Clinton amplia suas chances de virada diante de seu concorrente, o senador por Illinois, nascido no Havaí, Barack Obama.

Hillary possui oficialmente US$20 milhões em caixa para campanha, o que garante cerca de mais duas semanas de campanha, e Barack Obama US$41 milhões, próximo a mais quatro semanas. A candidata lançou uma verdadeira cruzada para levantar nada menos que US$10 milhões em apenas 24 horas.

As próximas prévias serão realizadas em:
  • Guam - 3 de maio*
  • Indiana - 6 de maio
  • Carolina do Norte - 6 de maio
  • Virgínia Ocidental - 13 de maio
  • Kentucky - 20 de maio
  • Oregon - 20 de maio

* Guam é um pequeno protetorado estadunidense na Oceania, elege apenas um delegado não-votante para a convenção partidária, ou seja, é o mesmo que nada: o delegado apenas ganha uma viagem do Extremo Oriente aos Estados Unidos para lá dizer que Guam existe, assim como é com Porto Rico e com mais meia dúzia de protetorados estadunidenses pelo mundo.

A seu favor, Clinton tem o trunfo de ter ganho nos principais estados do país até então: Califórnia, Texas, Ohio e Nova York, e Obama, de ter tido mais votos populares até então. Para ganhar a indicação, é necessário somar 2.025 delegados votantes. Oficialmente, a contagem de delegados está:
  • 1.719 - Obama (52% até agora, 85% do necessário)
  • 1.586 - Hillary (48% até agora, 78% do necessário)

É algo realmente maçante, quase um ano de campanha eleitoral. Isso é de estourar qualquer caixa, de levar qualquer candidato à loucura e de fazer o eleitorado a não mais suportar sequer ouvir os nomes dos candidatos. Coitados deles.
A compra parcial da Vale


A Companhia Vale do Rio Doce - ou simplesmente Vale, como prefere ser chamada por uma questão de marketing - tira % de seus lucros totais do Brasil, sendo % de um único estado: o Pará.

Poucos sabem, mas a empresa nasceu como uma mineradora de capital estadunidense operando em Minas Gerais, próximo de um rio que nasce em Minas e percorre o continente até o litoral do Espírito Santo - o Rio Doce. Já que ficava no vale desse rio, ganhou esse nome.

Anos depois, o então presidente Getúlio Vargas - que deu contribuições incalculáveis a economia brasileira e também fez estragos incalculáveis em outros setores - comprou legalmente a empresa dos empresários norte-americanos e tornou-a a mineradora oficial do governo brasileiro. Gerando lucros para o orçamento federal e não para cidadãos de outros países.

A Light, empresa de energia elétrica do Rio de Janeiro também teve uma origem parecida: fundada como empresa de capital canadense, foi legalmente comprada pelo governo e tornou-se a fornecedora elétrica oficial do Rio. O resto da história da Vale e da Light, todos nós já conhecemos: arrematadas por estrangeiros a um valor abaixo do valor venal, gerando menos divisas para o orçamento e reforçando a remessa de capitais ao exterior.

O que temos hoje em dia? A Vale recebe incentivos fiscais do governo e paga míseros royalties para o Pará. Francamente, não seria muito mais interessante fazer com as instalações da Vale no Pará (extração) e Maranhão (transporte) o que o Rio fez com as instalações da Light lá e o que Vargas fez com as instalações a antiga Vale em Minas Gerais?

O que é melhor, receber 10% do que é nosso ou pelo menos uma fatia maior? Nem precisa ser 100% ...apesar da província mineralógica merecer os quase 100%. Acredito que o caminho seria criar uma empresa 50% pertencente Governo do Pará e 50% à União Federal para arrematar as instalações da multinacional no estado. Poderíamos assinar um contrato com o Sr. Agnelli (presidente da CVRD) para compra pacífica, poderia ser pagamento em várias parcelas diretamente ou intermediado pelo BNDES. Já seria um imenso passo rumo a soberania econômica.

Brasil não reverá contrato de Itaipu



Em 1973, no auge da megalomania dos governos militares na América Latina, o Brasil bancou sozinho a construção da maior usina hidroelétrica do planeta na época (e era até pouco tempo atrás). Foi instalada sobre o rio Paraná, 14 kilometros rio acima da Ponte da Amizade, exatamente na fronteira entre Brasil e Paraguai.

Pelo contrato, a energia elétrica produzida seria dividida irmãmente as duas nações - com um pequeno detalhe: por 50 anos o Paraguai pagaria sua parte no custo da obra, 50%, uma parcela caríssima. Ou seja, na prática, a usina seria quase toda do Brasil. Possibilidade que se confirmou ao longo das décadas.

Mas bem, 5% da energia gerada por Itaipu já supre 95% de toda a energia utilizada pelo Paraguai. Já que só utiliza 5% dos 50% que lhe cabe em energia, o Paraguai vende os outros 45% ao Brasil: o nosso país consome 95% da energia dessa hidroelétrica.

O Brasil paga ao Paraguai US$ 45.31 por megawatt (MWh) da cota paraguaia. Desse valor, US$ 42,50 (93,8%) são revertidos para pagar a parcela da construção e as despesas normais da usina. Os 6,2% restantes representam um lucro de US$ 340 milhões ao país, anualmente. Em royalties, a usina já pagou US$ 3,23 bilhões para 15 municípios paranaenses e um matogrossense, desde 1991.

Até aí, quase tudo bem, o problema é principalmente por que o contrato prevê pagamentos em dólar, moeda que está sendo assolada pela desvalorização cambial: nunca foi tão barato importar - até energia elétrica. Melhor para quem importa (nós, no caso) e pior para quem exporta (os paraguaios, no caso). Ou seja, receber hoje US$ 45.31 por MWh não é o mesmo que receber US$ 45.31 quando o dólar estava bem mais caro, ocasionando a redução da margem de lucro do Paraguai. Além disso, ficar até 2023 nessa situação, quando termina o contrato de 50 anos, é outro motivo de problema. Realmente, é um prazo abismal para se pagar uma dívida em parcelas.

O ex-bispo católico e presidente-eleito do vizinho latino, Fernando Lugo, usou-se da possibilidade de renegociação do contrato de Itaipu como uma bandeira de campanha. Mas não teve jeito: foi eleito no domingo e logo na terça-feira o Ministro das Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão (senador licenciado, ex-PFL, hoje PMDB do Maranhão) já descartou qualquer hipótese de renegociação. O valor pago pelo MWh é simpleste ao preço de custo e o ministro não vê problema nisso.

Chega a ser ridículo como o Brasil trata seus vizinhos politica e economicamente mais fracos. Itaipu é um empreendimento estatal 50% brasileiro e 50% paraguaio, onde um pagará parcelas ao outro; se é empreendimento, não pode ser a preço de custo, não faria sentido. Assim até eu fecho contrato com os outros e compro a cota dos outros pelo preço de custo...

Poucos de nós brasileiros percebemos como as grandes corporações e políticos de nosso país maltratam os países ao redor. O Brasil é de facto o líder da América do Sul, mas a um preço alto.

Na realidade, quem é assim imperialista são principalmente as grandes corporações e políticos paulistas e secundariamente dos outros estados próximos, como Rio de Janeiro e estados do Sul, com destaque para o tocante do petróleo e do agronegócio. Nós, da Amazônia somos periferia e talvez tão imperializados quanto esses países são, pelos elementos que acabei de citar. Afinal, alguém já ouviu falar de algum problemas com vizinhos aqui pela altura da Amazônia?.... tirando a questão no Acre na época da borracha, nada. Esses problemas circulam quase todos próximos às fronteiras das regiões Centro-oeste e Sul, mais próximo dos imperialistas brasileiros.

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