Petróleo no Pará
Para os que duvidam, é isso mesmo: petróleo submarino em águas rasas na costa do Pará. Acho estranho a mídia regional estar a dar pouco foco para isso, o que poderia tornar nossos municípios em novas Macaés, onde um gari ganha R$ 1.200,00.
Logo após o anúncio da descoberta da nova mega-reserva Tupi de petróleo, correspondente a 50% de toda e qualquer reserva encontrada até então no Brasil, na divisa marítima entre os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, o governo federal leiloou lotes marítimos para a exploração petrolífera a empresas privadas.
Foi no governo FHC a quebra do monopólio da Petrobrás sobre a exploração petrolífera, leilão de lotes, o que acreditavel ou inacreditavelmente continuou no governo Lula. Atualmente, a estatal responde por mais de 98% da produção nacional, e as empresas privadas juntas já respondem por mais de 1%: quando o país estava próximo da autossuficiência, o presidente também leiloou lotes, foi um verdadeiro plus que lhe garantiu alcançar logo a autossuficiência.
Nesse leilão após a descoberta de Tupi, a União bateu record de arrecadação em leilões de lotes propícios a atividade: nada menos que US$ 2 bilhões: leilão esse onde várias empresas, sobretudo transnacionais, deram sua abocanhada, só a Companhia Vale do Rio Doce - que agora prefere ser chamada apenas de Vale - arrematou nove lotes ao longo da costa brasileira, um deles justamente na divisa do Pará com o Maranhão. O pequeno detalhe é que ali, lá mesmo no extremo nordeste paraense, na quina entre o oceâno e a terra-matriz dos Sarney, fica situado o maior município do Pará atlântico em área municipal: Viseu.
Rememoremos um pouco sobre a cidade gêmea da Viseu portuguesa: uma tradicional cidade paraense de 53 mil habitantes, município recriado oficialmente em 1953, sua orla - não voltada para o oceâno, diga-se de passagem - dá vista direta para terras do Maranhão, seu prefeito Alfredo Amin, do Partido Montanhês Do Brasil, tenta ser prefeito desde 1992: segundo o próprio, ganhou-mas-não-levou da primeira vez (já passei por isso na pele), admitiu a derrota nas duas vezes seguintes para o casal Astrid-Eulina. Até que em 2004, tendo um vice do PT, é um dos mais, se não o mais votado do Brasil para prefeiro percentualmente: passa dos 98%.
O caso de Viseu vira notícia nacional: pela lei brasileira, um prefeito que não possa se reeleger, também não pode ter sua esposa candidata a sucessão, por haver um relacionamento estável. No Brasil, a união civil entre pessoas do mesmo sexo não é reconhecida em lei, a então prefeita Astrid mantinha e mantém um relacionamento estável e público com a então deputada Eulina Rabelo, PFLista, base de apoio ao então governador tucano: em 2004, Astrid, sem partido, completa 8 anos a frente da gestão municipal e lança Eulina para sua sucessão, tudo com apoio do tucanato belenense. O incrível foi que os advogados do PMDBista conseguiram provar em Brasília que, mesmo não sendo reconhecio pela lei, as duas políticas mantinham um casamento, usando-se da mesmíssima base de que um prefeito não pode lançar sua cônjuge para sucessão: e colou. Eulina teve sua candidatura cassada. Dados dão conta que a então deputada conseguiu cerca de um terço dos votos, Amin, dois terços, e um candidato nanico do PSDB (só para constar), cerca de 1%. Com a anulação dos votos da PFLista, Amin passou dos 98% e o PSDBista chega quase a 2%.
Após 12 anos a tentar, no quarta tentativa, o engenheiro nascido em Viseu e afilhado de Jader consegue seu prêmio capital: ficou marcado por ser um dos gestores com um dos maiores índices de aprovação por seus munícipes, pelo asfaltamento de diversas vias e principalmente pela construção de um hospital de referência na cidade, até que em dezembro do ano passado surge a tímida notícia: a Vale passará dois anos a fazer prospeção de petróleo na faixa litorânea do município, e caso encontre, bingo! royalties milhonários entrarão, dando um verdadeiro plus em sua administração e certamente gerando um boom na economia local.
Tudo aponta no sentido de sua reeleição, só quem corre o risco de melá-la seria o casal Astrid-Eulina, porém o tucanato anda em baixa pelo estado: Alfredo adiantou a coligação que tomaria o estado dois anos depois, PMDB/PT, e se continar com a mesma composição, terá apoio de Jader, das máquinas municipal, estadual e federal para reeleger-se. Difícil tarefa para quem teve mais de 98% enfrentando as duras máquinas municipal e estadual?
O prefeito já tem nome de árabe - Amin - e agora, também será um sheik árabe?
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