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Wednesday, August 13, 2008

O papel circulatório do capital

O papel circulatório do capital

O que é o dinheiro? Fruto de trabalho, poderiam responder alguns; um pedaço de papel, poderiam responder outros. A verdade é que o dinheiro por si só simplesmente não tem finalidade: ele adquire toda a sua simbologia e status quando atrelado a tudo o que pode comprar. O dinheiro é nada mais que uma ferramenta para intermediar negociações e transações comerciais de toda e qualquer espécie, como uma chave-mestra para abrir (quase) todas as portas de tudo no planeta. A grande sacada está em utilizar mais ou utilizar menos essa ferramenta.

Essa ferramenta é utilizada para intermediar a aquisição de alimentos, combustíveis, passagens aéreas, energia elétrica, uma infinidade de opções. Quanto mais intensas forem as movimentações comerciais, maiores serão as demandas por produtos. Se mais produtos são demandados, torna-se viável expandir a produção, sinalizando crescimento e geração de emprego.

O dinheiro é como um palito de fósforo que nunca fica inútil; cada riscada representa uma transação; cada faísca representa a geração de bens, serviços, mercadorias. Como já ensinava Maynard Keynes, pai da macroeconomia, um dólar circulado cinco vezes é mais renda que quatro dólares circulados uma única vez. Em outras palavras, um dos segredos do aquecimento econômico de um território é elevar o volume de transações comerciais nesse território. Pode ser com o mesmo dinheiro, mas o segredo está em fazê-lo circular com mais rapidez, dar mais utilidade à essa ferramenta.

E quem compra mercadorias? Os seres humanos, claro. Para isso, eles precisam ter dinheiro.

A partir daí, catalogamos dois movimentos do capital: de dispersão na população e de concentração nas mãos de alguns.

O pagamento de salários e benefícios governamentais representa essa dispersão e o lucro das empresas representa essa concentração.

Geralmente, quanto menor é a renda de uma pessoa, percentualmente mais ela gasta essa renda: quem tem maiores condições gerais de poupar dinheiro, quem ganha mil reais ou quem ganha cinco mil? É observando por esse outro ponto que podemos elevar o consumo de uma sociedade distribuindo melhor sua renda.

Exemplo, se dez pessoas ganharem mil reais ao mês, teoricamente, juntas irão consumir mais que apenas uma pessoa que ganhe dez mil reais mensais. Além disso, essas dez pessoas movimentarão mais o comércio local: terão maior propensão para comprar produtos vendidos ali mesmo; enquanto o que ganha $10 mil tem uma propensão maior a comprar coisas de outras praças.

A distribuição de renda gera um favorecimento direto e outro indireto, do ponto de vista unicamente econômico:
  • direto: aquece o setor terciário (comércio e serviços), principalmente nos locais não-polarizadores (lugares que não são cidades-pólos, como cidades portuárias e capitais). Gera mais empregos no ramo e enriquece a classe mercantil.
  • indireto: havendo maior procura por determinados produtos, torna-se mais viável expandir as produções desses bens. Geração de emprego no primário (rural/mineração) e no secundário (indústrias)

O capitalismo visa concentrar capital; mas se o capital for concentrado, terá menor poder de circulação, movimentando menos os setores da economia. É uma contradição, mas é isso mesmo.

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