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Sunday, August 17, 2008

Brasil atinge o Investment Grade

Brasil atinge o Investment Grade

A Standard & Poor's, uma das mais acreditadas agências de classificação de risco investimento, anunciou nessa quarta-feira o nível soberano, colocando o Brasil no rol das nações com alta confiabilidade para investidores internacionais aplicarem dinheiro. Da língua inglesa, investment grade poderia ser traduzido para nota de investimento, pontuação de investimento.

A mídia brasileira fez festa, a bolsa de valores de São Paulo - BOVESPA - subiu nada menos que 6,33% só hoje, a maior subida desde setembro de 2002. No total do dia foi negociado R$9,7 bilhões [US$5,84 billion] (em dias normais, é em torno de R$5 bilhões [US$3 billion]), o dólar teve uma das menores cotações registradas, R$1,66. As ações que mais subiram foram: Cyrela Realty (15,73%), CCR Rodovias (15,60%), Cosan (15%), Gafisa (14,06%) e Lojas Renner (13,95%); apenas duas caíram: Sabesp e Embraer.

Mas, o que significa o país entrar para o rol do seleto grupo de países confiáveis para o capital internacional? Basicamente três coisas:

A primeira coisa e principal efeito será que bem mais capital estrangeiro será aplicado no setor especulativo brasileiro, isso é, nas ações da Bolsa de São Paulo, inflando ainda mais os papéis já bem inchados, levando seus desempenhos de valorização a níveis talvez inétidos, já que muitos fundos de investimentos estrangeiros só trabalham com países que possuem o Investment Grade. Até aí, sem tanta diferença na prática, já que muitos brasileiros possuem ações negociadas na BOVESPA e esses terão seus patrimônios ainda mais valorizados e já que a Bolsa tem muito pouca ou nula influência no setor produtivo.

A segunda será de certo impacto: junto desse capital especulativo, entrará também capital estrangeiro para ser investido no setor produtivo, gerando dois efeitos: aquece a economia, gera mais emprego e renda e talvez o país exporte até mais, o governo arrecada mais impostos, porém o lado ruim é que esse crescimento será bancado com capital externo, ou seja, dinheiro dos outros e não dinheiro nosso, tornando o Brasil ainda mais em província financeira. Claro, o volume de capital visando o setor produtivo será menor que o volume de capital que visa o especulativo (bolsa de valores), já que investir em produção requer muito mais cuidado, análise e principalmente técnica.

A terceira, impactante para importações e exportações e talvez mais impactante para os brasileiros, será a entrada de mais dólares: se mais estrangeiros investem no Brasil (seja em setor produtivo ou especulativo), eles trazem dólares, convertem em reais na entrada do país, e com esses reais eles investem em que desejarem. Pois bem, esses dólares que eles trazem, ficam no Banco Central: já que existe mais dólar aqui dentro, vai desequilibrar ainda mais a balança da procura e oferta por dólares no Brasil, possivelmente fazendo a cotação do dólar cair ainda mais. Com isso, automaticamente o país passa a comprar mais produtos importados e passa a lucrar menos com a exportação para outros países, deixando a Balança Comercial menos superavitária.

Conclusão: ações mais infladas, crescimento do setor produtivo bancando por capital externo e mais importação de produtos importados. A conquista do Investment Grade significa basicamente isso.

Bom feriado de Dia do Trabalhador [e não Dia do Trabalho!]

18 países de 4 continentes já visitaram esse blog


Para os que não acreditam, é isso mesmo: cerca de duas semanas atrás instalei um programa do Google chamado Google Analytics, que aponta vários dados sobre o público que acessa uma determinada página na internet, aponta os países e cidades de origem, tempo médio de visita, nome da rede programa operacional e até a resolução da tela.

Eu esperaria visitas dentro do Brasil e no máximo de Portugal, mas que surpresa, ao longo dos dias foi aumentando a lista de países que visitam esse blog, por causa do idioma, já que é todo escrito em língua portuguesa padrão, mas recebi visitas de portugueses e brasileiros que vivem em outros países, também de outros latinos que compreendem algo de português e provavelmente também de pessoas que não falam português, por isso agora penso em tornar esse blog em uma página bilíngue ou quem sabe, trilíngue.

As cidades que me visitaram foram:
  • Rio de Janeiro
  • Pelotas
  • Milão
  • Haren (Países Baixos)
  • Londres
  • Belém do Pará
  • Fortaleza
  • Brasília
  • Shangai (China)
  • Manila (Filipinas)
  • New Westminster (oeste do Canadá)
  • Riga (Letônia)
  • Rio Grande (extremo sul do Brasil)
  • Nagpur (Índia)
  • Dalmine (Lombárdia/Itália)
  • Ribeirão Preto (SP)
  • Newark (região metropolitana de Nova York)
  • Osasco (região metropolitana de São Paulo)
  • Mumbai (Índia)
  • Sacavém (Portugal)
  • Gondomar (Portugal)
  • Igualada (Catalúnia/Espanha)
  • Felgueiras (Portugal)
  • Lynge (Dinamarca)
  • Himeji (Japão)
  • North Shore (Nova Zelândia)
  • Corrales (Andalúcia/Espanha)
  • Bangkok (Tailândia)
  • Fuchu (Japão)
  • Paris
  • Arab (Alabama/EUA)
  • Belo Horizonte
  • Pune (Índia)

Eu só tenho a agraceder.
Wall Street sitiada


A revista Carta Capital dessa semana trás uma matéria muito interessante na capa: a auto-destruição do neoliberalismo, com o título O Neoliberalismo está cercado. Festa para uns, temor para outros. Mas, quem deveria festejar e quem deveria temer o fim do Neoliberalismo?

A cada 30 ou 40 anos, muda a ideologia econômica mundial: em 1860, o Liberalismo corria solto, até que 30 anos depois, governos de potências como EUA, Alemanha e Japão passavam a incentivar o crescimento de seus países com protecionismo econômico e intervenções do estado a favor da economia, culminando na I Guerra Mundial. Depois dela, em torno de 1920, os liberais tentam restaurar suas políticas, insucesso.

Entre a quebra da bolsa de NY (1929) e década de 1940, as idéias do economista e lorde britânico John Maynard Keynes [sobre o qual escrevi recentemente três artigos nesse blog] tomam dimensões globais: que valorizavam a assistência social, a questão da renda mínima, menor taxa de desemprego possível, criação de empregos em massa, abertura de estatais, etc.

Já com as crises do petróleo na década de 70, não tem mais como sustentar a festa keynesiana e diversas estatais são privatizadas, toneladas de funcionários públicos são demitidos, empresas ficam mais fortes que nações e impostos voltam a níveis mais altos: bem-vindos ao lendário Neoliberalismo.

O pequeno detalhe é que o Capitalismo é por si só um sistema auto-destrutivo, um sistema autofágico: como o próprio Lord Keynes disse sobre um dos momentos de crise do sistema, foi preciso salvar o capitalismo de si mesmo por meio de vigorosa intervenção estatal.

O Neoliberalismo é um sistema que prega uma liberdade muito grande para o capital ir e vir para onde e de onde quiser, entrar e sair do setor que desejar, quando e se desejar. Então eu pergunto-vos: qual das três classes é caracterizada por altos lucros de capital: baixa, média ou alta?

O Neoliberalismo prevê também que o governo tenha com poucas funções e poucos funcionários, tenha uma máquina estatal enxuta, com pouca arredacação e poucos gastos, sim influenciar na economia. Pergunto-vos novamente: qual das classes recebe mais auxílios sociais e ajudas de custos do governo, baixa, média ou alta?

Em outras palavras, o Neoliberalismo prevê uma liberdade de trânsito para o capital, mas não para as pessoas que detêm esse capital. Do outro lado da moeda, as pessoas que não têm o capital como meio de vida ficam dependentes dos capitalizados para ter emprego e renda. Ou seja, existe menos comprometimento do capital para com um território, um ramo de atuação, uma população, etc, talvez essa seja a melhor definição.

Nesse sistema, a concepção do mercado ser formado por muitas pequenas e médias empresas é substituída por poucas porém grandes empresas, verdadeiros impérios mais fortes que nações, que investem em diversas opções. Essas empresas geralmente são sediadas nos países-sedes do capitalismo, para onde geralmente são remetidos os lucros obtidos nos países clientes.

O Neoliberalismo é mais interessante para quem detém um alto volume de capital e aos países mais ricos ..interessante até certo ponto, já que se for deixado a solta, se auto-destruirá. As pessoas de classe baixa e média e até uma parcela da classe alta não têm tanto a perder com o fim do neoliberalismo.

Ele já está aí desde a década de 1970, completando o ciclo de 30~40 anos pelo qual a economia mundial sofre mudança na mentalidade. É, esse pode ser o caminho para o fim dessa mentalidade e começo de outra. Muitos apostam em um Neokeynesianismo, será? Diante da recessão econômico que os Estados Unidos enfranta após oito anos de Bush, muitos líderes técnicos do Partido Democrata são simpáticos às idéias do velho Lord Keynes, e pelo que parece, será o partido vitorioso em 2008 no coração do capitalismo mundial.
Se Odair defender divisão, sofrerá processo


Na coluna Repórter 70 (O Liberal), hoje:

O vice Odair Corrêa prometeu que durante sua interinidade no governo não dará um pio sobre a divisão do Pará, mesmo que provocado. Defensor do esquartejamento do Estado para criação do Estado do Tapajós, Corrêa está sob a vigilância do jornalista Francisco Sidou.

Se abrir a boca para defender a divisão, Sidou ingressará com Ação Popular contra ele, pedindo a perda do seu mandato por quebra de juramento na defesa do território paraense.

A governadora Ana Júlia Carepa está em viagem oficial na Europa, passará vários dias. Em seu lugar, está o Vice-governador, que por coincidência ou não, é presidente da Frente Pró-criação do Estado do Tapajós. Para tomar posse, Odair jurou sobre a constituição estadual várias coisas, entre elas, manter a integridade do estado. Caso descumpra, poderá perder o mandato.

Se os políticos separatistas centrarem seus esforços em dividir o estado, o movimento perde o motivo de existir. Afinal, qual é a finalidade principal desses movimentos: apenas criar um novo estado independente do nível de vida ou zelar pela qualidade de vida das pessoas que moram nessas áreas?

Portugal: a nova colónia


Para os que não sabem, eu sou de família portuguesa por parte de pai e mãe e hoje estava em uma festa no núcleo mais português da família. Tive a oportunidade de conversar com um senhor português, amigo de parentes, que veio directamente das proximidades da Cidade do Porto passar férias em uma das cidades mais portuguesas do Brasil: Belém do Pará.

A conversa foi principalmente sobre urbanismo, política e economia na Europa, focando-se em Portugal. Apesar de ele ser simpático a Salazar [ditador português fascista, o último da Europa], a conversa foi produtiva: comentamos sobre o crescimento de Portugal, realmente está tendo um bom crescimento de alguns anos para cá. Tanto em quantidade como em qualidade, área social, econômica, enfim.


Um pouco do passado
Para ter-se noção, na década de 1960, poucos locais tinham telefones instalados e até a década de 1980, a principal rodovia de Portugal, a Lisboa-Porto, era de pista simples para cada mão. Hoje em dia, Lisboa, Porto e Algarve são os três motores da nova economia portuguesa, baseada principalmente no turismo e secundariamente na indústria.

Como o próprio nome diz, Portugal vem de porto, coisa portuária mesmo. Remontando a história, o país ganhou esse nome do antigo Portus Cale, nome que em latim significa algo como terra portuária, designando o norte do país, por onde começou Portugal: um país que sempre teve sua vida dedicada aos portos e ao mar ...não é para menos que foi o primeiro país a começar as grandes navegações.


Turismo
Portugal tem praias lindas e com clima bom o ano inteiro por causa da localização (um dos pontos mais tropicais da Europa), até no inverno, quando boa parte do continente está sob um metro de neve: esse é um dos principais, se não o principal motivo, de tantos europeus cobiçarem Portugal para passar as férias. Suas praias são cheias de nórdicos, ingleses, outros europeus e também brasileiros ao longo do ano inteiro.

Paralelo a isso vêm a mão-de-obra barata portuguesa: o lado ocidental da Europa é marcado por possuir os países mais ricos do mundo e por ter as melhores qualidades de vida da Terra, mas mesmo Portugal sendo o país mais extremo da ponta ocidental, tem qualidade de vida comparável a de países da Europa Oriental, como Eslovénia, Moldávia, Macedónia, Bulgária, etc.


Um novo Portugal
Desde a década de 1990, Portugal vem sendo outro Portugal: mais estradas, melhores e mais largas, mais e maiores aeroportos, mais e melhores hotéis, prédios, infra-estrutura, enfim. Porém, o capital que banca o desenvolvimento do país não é o capital interno, é capital exógeno [de fora], o país cresce com a injecção de capital dos países mais ricos do continente, sobretudo dos alemães, ingleses e franceses. Em outras, palavras, Portugal está crescendo com o dinheiro dos outros, ou está andando, mas não com as próprias pernas.

Ou seja, Portugal deixou de ser um país a margem da Europa para tornar-se uma província financeira das potências europeias. Para muitos, receber investimentos e desenvolver-se é excelente, é o máximo. Claro, é muito bom, mas as pessoas esquecem-se de um pequeno detalhe: aquela estrutura geradora de riquezas será património de estrangeiros e o país ficará refém em dois sentidos: os lucros desses investimentos serão enviados de volta ao país de origem desses capitais mais cedo ou mais tarde ..e esses investidores podem retirar o investimento e colocarem em outro local, sem compromisso.

O governo português oferece largos incentivos para que empresas do continente instalem suas fábricas em território português, doando lotes, abaixando bastante os impostos, oferecendo energia elétrica mais barata, enfim, um conjunto de incentivos fiscais e vantagens locacionais. Pois bem, o Estado fecha contratos de 10, 15, 20 anos e realmente atrai empresas, elas aproveitam-se disso tudo, aproveitam-se da mão de-obra-barata, não pagam alfândega para exportar para o resto da Europa porque não existe entre países da União Europeia, realmente aquecem a economia, geram empregos diretos, indiretos, impostos, enfim, mas depois que termina esse período, elas vão embora, deixando os (des)empregados com uma mão na frente e outra atrás.


Imigração de brasileiros
Diante deste crescimento na terra dos descobridores, muitos brasileiros viram-se tentados a tantar a vida em lusiterras, coisas que muitos fizeram, seja de forma legal ou ilegal, casando-se com português, conseguindo dupla-cidadania via avô ou bisavô, entrando com visto de estudos, de turista e ficando por lá. Além de ser província financeira, o país começou a receber migrantes os quais não tinha certeza se poderia comportar ou não no futuro, e as levas migracionais de brasileiros não foram fracas: sobretudos de mineiros e nordestinos com pouca orientação e estudo.

Isso ajudou a baratear ainda mais a mão-de-obra e fez aumentar a favelização - sim, favelas na Europa! (claro, são bem mais bonitas que as daqui, já vi ao vivo) -, aumentou o tráfico de droga e a violência, aumentou a necessidade por saúde, segurança, educação, lazer, e o governo português tendo de dar aos visitantes inesperados coisas que não sabia até quando possuiria. Em minha última viagem a Europa, eu pude constatar como a imigração lá não é dura, principalmente em Portugal - isso por que nem entrei por Portugal - enquanto nos Estados Unidos, para onde minha família viajou recentemente, a imigração é realmente dura e tirana, mais uma das coisas que leva aventureiros a desistirem dos Estados Unidos e tentarem Portugal, região de Lisboa principalmente. Além de lá o salário mínimo ser de €450,00 (Na Espanha é de €800,00).


Emigração de portugueses
Portugal, de pobre tornou-se um emergente europeu por alguns anos, porém diante da forte imigração de brasileiros e também porque mais países ingressaram na União Europeia, menos investimentos estão tomando o rumo de Portugal e sim de países da Europa Oriental, como Albânia, Romênia, Bulgária, etc, deixando Portugal com menos menos accesso ao fundo europeu (uma espécime de FMI só para países do bloco), com mais pobres e menos investimentos.

Diante desse cenário, levas de portugueses, de vários níveis de estudo, estão deixando seu país de origem e tomando o rumo de grandes cidades como Londres, Paris, Berlin, Zurique, etc. Portugal tem um problema inverso do Brasil: aqui nós temos mais vagas de empregos qualificados do que funcionários qualificados, já que aqui é a economia é mais forte que a educação; lá, eles formam mais empregados qualificados do que a demanda por profissionais qualificados, já que lá a educação é mais forte que a economia.

Não dá para saber qual dos dois é pior, já que o primeiro dá menos chances aos habitantes e emperra o crescimento económico enquanto o segundo representa desperdício de dinheiro público e fuga de mão-de-obra qualificada. Já nesses países, os lusitanos percebem que as jornadas de trabalho são mais puxadas, longas e produtivas, gasta-se menos com besteiras e mais com bens duráveis, coisa que estranham um pouco.


Portugal continua lindo
Mas mesmo tendo um litoral que concentra quase toda a população e um interior com demografia rarefeita, recebendo menos investimentos e mais imigrantes, Portugal é um país que está crescendo bastante em quantidade e qualidade, muito bom para o turismo, nível de vida bem mais alto que do Brasil, país com história riquíssima, enfim, é um dos destinos mais cobiçados por europeus e por brasileiros, tem muitos aspectos para dar certo, basta agora adoptar políticas económicas para reduzir a carga tributária - que é uma das mais altas da Europa - e valorizar o capital interno, para andar com as próprias pernas, sem depender de outros países.


Obs. as letras sozinhas em itálico e azul em algumas palavras é a forma como essas mesmas palavras são grafadas em português internacional, também conhecido como português-de-Portugal.
Fabricação ilusória de patrimônio na bolsa


Quando liga-se a televisão, o jornal transmite quase todos os dias, ou pelo menos toda semana, as novas ondas do mercado financeiro, com terror ou com felicidade, os lucros e prejuízos das bolsas ao redor do mundo. O telespectador pode perguntar-se como é possível fortunas serem construídas e destruídas tão rápidamente nas bolsas de valores? A resposta, apesar de parecer complicada, não é:

Assim como os outros produtos negociados nos mercados globalizados, os preços [cotações] das ações são ditadas pela lei de mercado, a famosa lei oferta e procura: se a procura for maior que a oferta, o preço sobe; se a oferta for maior que a procura, o preço cai.

Assim, não existe a mínima obrigação que os preços das ações subam ou caiam respeitando proporcionalmente o sucesso (ou fracasso) das empresas que elas representam, mas sim a lei da oferta e procura dentro da bolsa.

O melhor exemplo a ser apresentado é uma empresa que possua um milhão de ações, cada uma cotada a R$10 reais: ou seja, a empresa está cotada em R$10 milhões. Caso uma pessoa dê um lance para comprar 10 ações, cada uma por R$12 reais (totalizando uma operação de R$120 reais), provavelmente conseguirá comprar, por oferecer um lance acima da cotação.

Feita a transação de venda dessas 10 ações a um preço de R$12 cada, a cotação deixa de ser R$10 reais para ser R$12 reais, apenas dois reais a mais. O que isso significa? Apenas dois a mais? Significa dois reais a mais por cada ação, significa que todas as ações estão cotadas em R$12 reais, por isso a empresa não está cotada mais em R$10 milhões, mas sim em R$12 milhões: uma fabricação de R$2 milhões de reais fictícios ocasionada a partir de uma simples transação de R$120,00.

Na queda é a mesma coisa, só que com o processo inverso: se 0,1% das ações são negociadas 20% mais baratas, o preço da empresa toda cai 20%. Um pedacinho dita a cotação do todo e é assim que pequenas negociações (de milhões) fazem empresas subirem ou caírem bilhões de reais.

Quando uma ação está subindo, mais pessoas vão querer comprar ações dela, diminui a oferta (menos gente quer vender) e aumenta a procura (mais gente quer comprar), fazendo o preço subir e atraindo ainda mais interessados em comprar, desequilibrando ainda mais a balança de oferta e procura [para cima]; se uma ação está caindo, acionistas vão querer se livrar dela, aumenta a oferta (mais gente quer vender) e diminuni a procura (menos gente quer comprar), fazendo o preço cair, o que desequilibra ainda mais a balança de procura e oferta [para baixo].

É esse o artifício usado para acionistas acharem que enriqueceram ou que empobreceram. O problema é quando um acionista decide vender suas ações e outra pessoa decide comprar: o comprador acredita que aquele patrimônio é real e sua compra passa a inchar ainda mais a cotação, dando veracidade a negociação para que outras pessoas também acreditam naquela fabricação de patrimônio. Em outras palavras, a subida da cotação depende de cada vez mais injeção de dinheiro, geralmente de novos e mais investidores.

De uma forma esdrúxula, eu costumo comparar o mercado de ações mais ou menos aos sistemas de pirâmide da AmWay e atualmente da Herbalife, onde os pioneiros dão-se realmente muito bem e os novatos servem mais para alargar as fronteiras e bancar o crescimento dos que já estão no topo. Mas é isso. Esse é o famoso mercado de ações.

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