Obrigado, Blog do Bacana - Marcelo MarquesMarcelo Marques, apresentador de um dos programas mais antenados da televisão paraense, o Bacana, também mantém um blog. Em uma postagem sobre a inauguração do escritório da mineradora multinacional ALCOA em Belém, escrevi um comentário que acabou virando uma nova postagem no Blog do Bacana. Aí vai meu agradecimento por um tema relevante como este. Segue na íntegra:
Do blogueiro Alan Lemos, comentando a postagem Alcoa deste blog...
Coitado do Pará, aceitando meia dúzia à dúzia inteira. Aliás, nem chega a meia dúzia, seria até muito.
Aceitar "meia dúzia" porque vai sim gerar empregos, impostos e vai aquecer a economia (isso já é muito mais que nada). Mas são valores ínfimos se comparados aos lucros da ALCOA.
Enquanto os poderes públicos e os investidores paraenses não se importarem tanto com os lucros diretos gerados por empreendimentos como esses, continuaremos recebendo fração do que nos cabe.
E as mineradoras expandindo sua extração. "(...) a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte (...)".
Essa passividade amazônica é o que me revolta: estamos deitamos em cima de recursos naturais e aceitamos uma única banana como retribuição por deixar estrangeiros extraírem um cacho de bananas em nossas terras.
Abraços
Multinacionais na Amazônia geram benefícios à sociedade?
Eu costumo afirmar que investimento externo é meio bom. É sem dúvida comemorado, gerará benefícios como empregos diretos e indiretos, impostos, aquecerá a economia, os fluxos e trocas comerciais. É inegável: essa é a metade boa. Porém, olhemos pelo outro lado: a multinacional instala essa estrutura e benesses todas aqui, mas levará um valor muito maior em troca, grande parcela de nosso minério pertencerá a eles: essa e a metade ruim.
Provincianismo financeiro: colonização de exploração x povoamento
Eu costumo comparar os investimentos do capital externo como a colonização de exploração: na fundação de cada nova vila ou cidade no Brasil colônia, tudo construia-se muito rapidamente, moendas, ruas, igrejas, casas, portos, toda a estrutura básica. Porém, as décadas seguintes eram marcadas por um semi-marasmo econômico. O local estará amordaçado por alguma metrópole.
Enquanto que nos territórios onde houve colonização de povoamento, tudo era muito difícil, era demorado para construir-se um porto, uma estrada, casas. Mas quando essa sociedade tinha essas conquistas, era dela. O começo era difícil, mas os tempos seguintes eram marcados por largos passos. Isso sim é liberdade.
A mesma coisa é com o provincianismo financeiro: quanto tudo é feito com o dinheiro de estrangeiros, é tudo muito rapidamente. Porém, o prejuízo é sentido nas décadas seguintes: toda essa estrutura pertencerá aos estrangeiros. Enquanto que em locais onde a propria população e empresariado regional investem, cresce com as próprias pernas: mais soberania financeira.
Isso é para lugares muito pobres
O provincianismo financeiro seria mais adequado a territórios realmente pobres, sem um mísero capital para investir em si próprio: aí sim deveria ser aberta uma concessão para exploração dessas pessoas que não têm muita preocupação pelo território em questão.
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