Bi-partidarismo nos Estados Unidos
Para os que acham que nos Estados Unidos só existe dois partidos, franco engado: os Estados Unidos tem 50 partidos federais e 30 partidos estaduais, totalizando 80: quase o triplo do número de partidos no Brasil (29).
Então, por que só aparecem os dois gigantes Republicano e Democrata? Justamente por causa do sistema. Lá, toda e qualquer eleição é unica e exclusivamente majoritária. Se um estado tem de eleger oito deputados federais (House Representatives), eles simplesmente dividem o estado em oito distritos e simplesmente cada um que eleja o seu.
51 eleições separadas
Um exemplo é a eleição para presidente. Três vezes na história já aconteceu do perdedor superar o eleito em número de votos populares, como foi (oficialmente) em 2000. Isso acontece justamente porque não existe uma eleição para presidente dos Estados Unidos, mas sim 51 eleições burocraticamente isoladas: uma em cada estado. Cada unidade da federação tem uma cota de delegados, quem ganhar no referido estado (independente se ganhou com 40% ou 99% dos votos), leva todos os delegados, menosprezando o eleitorado dos outros candidatos.
Outro detalhe: maioria simples basta lá, para ser eleito, não é necessário metade mais um dos votos; logo, não existe segundo turno, eliminando a possibilidade dos candidatos derrotados apoiarem alguém depois, concentrando os embates nos dois mais fortes concorrentes.
O que importa é ganhar em cada estado
Um exemplo foi a eleição de 1992: a última com três candidatos de peso, Bill Clinton foi eleito com 43% dos votos, Bush pai perdeu a reeleição com 37,4% e outro político do Texas, Ross Perot, teve 18,8%. Em número de delegados, Clinton teve 370, Bush 168 e Perot nenhum delegado - justamente por que perdeu em todos os estados. A estratégia então não é simplesmente ganhar votos e sim ganhar nos estados.
Por ser de turno único e somente majoritária, o sistema eleitoral nos EUA acaba focalizando quase todos os olofotes aos dois favoritos. Isso empurra lideranças políticas para o Partido Republicano ou Democrata, criando verdadeiros partidos dentro desses - eles são verdadeiros sacos de gatos.
Outro aspecto é que isso cunha políticos realmente bairristas, que defendam o seu pedaço de chão acima dos interesses estaduais e nacionais.
Flexibilidade política
A própria embaixada estadunidense em Brasília afirma que esse sistema é para banir o risco de radicalização política, para só deixar ganhar eleição quem já está acostumado com o poder. Fala ainda que, se a pessoa quer ser presidente de lá, é muito mais conveniente ingressar em uma das duas agremiações políticas e deflagrar uma campanha de prévias do que tentar sair candidato por outro partido ou independente, justamente porque cada um desses partidos representa uma das duas únicas chaves para a vitória.
Os montanheses têm a força
No parlamento federal, cerca de 48% dos políticos pertencem ao Partido Republicano, 49% ao Democrata e 3% dos outros partidos ou independentes. São justamente esses 3% com alto poder de decisão em Washington: no que eles decidirem votar a favor ou contra, soma mais de 50% e passa ou é reprovado.
Mais fácil de prever
Notadamente, esse mecanismo eleitoral é para ter uma melhor previsão de quem será o eleito, de lastrear fortemente a decisão às estruturas previamente existentes, não dependendo tanto da vontade popular direta; reduzindo as possibilidades e pluralidades de que outros grupos tomem o poder. Assim, poderíamos dizer que a estrutura (os órgãos do governo, servidores, empresários que fornecem ao Estado, diplomacia externa e principalmente o mercado) já teriam uma garantia de flexibilidade política.
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