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Wednesday, August 13, 2008

Eleições em Belém: 7 nomes, 3 pólos

Eleições em Belém: 7 nomes, 3 pólos

As eleições de 2008 para prefeito de Belém do Pará prometiam ser pulverizadas: estão, mas não tanto quanto esperava-se. Tradicionalmente, toda eleição tem quatro candidatos de destaque (um governista e três de oposição, onde entre os dois primeiros, um é de oposição e outro de situação) e mais alguns possíveis nanicos. Nessa eleição temos seis candidatos de destaque e apenas um nanico.

Seis com destaque
Trabalhemos então na óptica sobre esses seis candidatos: o favorito é o prefeito Duciomar Costa (PTB), candidato a prefeito pela quarta vez consecutiva; em segundo temos a esposa do deputado federal Victor Pires Franco, Valéria Pires Franco; em terceiro o primo de Jader Barbalho, José Priante; posteriormente o remido Mário Cardoso, do PT; e depois a vereadora Marinor e o deputado estadual Jordy.

O mais interessante nessa eleição não são as coligações entre os partidos ou as chances dos candidatos, mas sim a proximidade e até as origens parecidas de muitos deles. Por exemplo:

* em 2004, quando o PSDB era o todo-poderoso no Pará, elegeu Duciomar (PTB) prefeito, com o apoio de Valéria Pires Franco (DEM) e do PMDB de Priante e Jader;

* Jordy já foi da base governista do PT na câmara de vereadores em Belém. Nas eleições de 2006, apesar de proclamar-se socialista, apoiu o PSDB para governador. Não é recente a relação entre ele e os tucanos;

* ainda em 2006, Duciomar já não estava muito amigo do PSDB, ameaçou (e quase executou) apoiar Priante (PMDB) para governador;

* Marinor (PSOL) avalizou, articulou-se e foi determinante na vitória de Zeca Pirão (PP, hoje vice na chapa de Priante) para presidência da câmara municipal (para o biênio 2007/2008). Eles formaram e lidaderaram o grupo de parlamentares independentes;

* PT e PMDB formam a coalizão que governa o Estado do Pará, logo, Mário e Priante são oficialmente candidatos governistas a nível estadual (assim como esse Mário e Luiz Otávio [PMDB] disputavam uma única vaga no senado em 2006, ambos com apoio explícito de Lula na tv e nos palanques)


Três pólos de poder
Vendo a partir desses pontos de vista, três dos seis candidatos têm uma considerável relação com o PSDB; três tem ligação com o PT; dois são governistas estaduais; vários deles já foram alidados. Falando em pólos de poder político, no Pará tem três: o PSDB/DEM, em decadência; o PT, em ascensão e o PMDB, em uma certa reascensão.

* O PSDB ascendeu em 1994, quando Almir foi eleito governador, após tentar a vice-presidência (na chapa do Covas) em 1989 e após ficar em 3º para governador em 1990. Congregou boa parte da direita consigo. Hoje em dia está altamente desagregado;

* O PT ascendeu ao poder no Pará com a inesperava vitória de Edmilson à prefeitura da capital em 1996; ampliou seu território em 2002 com a eleição de Lula; teve uma certa recaída em 2004, devido à derrocada municipal; atingiu seu apogeu em 2006, com a eleição da governadora Ana Júlia;

* O PMDB, assim como em quase todos os estados do Brasil, ganhou o governo estadual com a redemocratização na década de 1980, poder o qual manteve até 1994, sempre tendo Jader como patrono supremo. De lá para cá, vinha em decadência, apesar de sempre eleger as maiores bancadas proporcionais, nem sequer conseguia chegar ao 2º turno nos pleitos. Em 2006 apoiou o PT e hoje forma a coalizão que governa o Pará, recuperou parcialmente o poder.

PSDB está fraco
O PSDB e o DEM (ex-PFL) estão sozinhos, a prova nítida é a formação de sua coligação: as quais até dois anos atrás tinham quase vinte partidos, agora só estão eles dois. O poder foi-se e os amigos também. Conclusão é que antes eles lançavam diversas chapas proporcionais, agora só lançaram uma mesmo.

A prova da falta de candidatos a vereador é que eles estão lançando várias pessoas que nunca imaginariam ser candidatas, principalmente para colaborar com o quociente. O sonho desse grupo é retomar o poder estuadal, para isso, é fundamental ganhar na capital para formar um contraponto e retomar o estado. Caso Valéria ganhe, será o maior entrave para a reeleição da governadora Ana Júlia: o candidato pode ser Almir, Mário Couto ou até Vic Pires Franco.

O sonho PMDBista: retomar o poder
O último grande feito de Jader Barbalho foi ser presidente do Senado Federal, o qual ele perdeu na disputa com ACM, em 2000. Foi governador pela última vez em 1994. De lá para cá, amarga seguidas derrotas seguidas majoritárias. O trunfo PMDBista está em manter muitas prefeituras no interior e fazer grandes bancas estaduais e federais: o que lhes credencia a apoiar quem estiver no poder em troca de cargos.

A partir do contraponto construído no atual governo estudual, o PMDB pretende eleger 100 prefeitos no Pará (cerca de 70% dos municípios) e assim lançar Jader para senador ou governador, para isso, é importante eleger Priante: a diferença está justamente no poder que o partido somará em 2008, podendo ajudar a reeleição da governadora (se não conseguir tanto poder) ou fazer frente à governadora (se ganhar muito poder esse ano).

E qual é a de Duciomar?
Valéria Pires Franco representa o pólo-PSDB, a tradicional direita; Priante representa o pólo-Jader. E Duciomar, primeiro lugar nas pesquisas, representa qual pólo? A respota é: todos e nenhum ao mesmo tempo.

A questão do Duciomar é interessante, ao mesmo tempo que ele é prefeito, ele adota o mesmo comportamento de quando era senador: apoiar o presidente que estiver no poder, independente de quem seja; ser aliado de todos e de ninguém ao mesmo tempo: parecido com o comportamento tradicional do PMDB. Mas agora ele é chefe do executivo. Pelo que tudo indica, se ele ganhar, deverá fazer como fez em 2006: ficar quase quieto e apoiar todos e ninguém ao mesmo tempo para governador.

É, vamos ver quais aberrações eleitorais vão ocorrer no 2º turno dessas eleições.

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